Olá, Quadrinheiro.
Terminei uma leitura aqui que me deixou triste, feliz, assustado e maravilhado ao mesmo tempo. Um pequeno sentimento de revolta talvez, unido ao pensamento de que a sociedade está anos e anos distante do equilíbrio ideal. Equilíbrio este que pode nunca chegar, é verdade.
Mas o livro A História de Joe Shuster, de Julian Voloj e Thomas Campi chegou a mim por intermédio da minha amiga de game online, Fabiana Ferreira. Ela havia comprado, me comentou muito bem do livro e eu já estava bem curioso. Me emprestou, demorei pra ler, e ao ler, me surpreendi. Uma biografia em quadrinhos, exatamente como um mestre das HQ’s merece.
Sabe aquele segredos sombrios, sussurrados entre as pessoas quando ninguém pode afirmar ou confirmar nada ? Aquelas frases soltas, que sempre fui buscado não tocar no assunto nas rodas, com medo de represálias, ou mesmo, medo de ser realmente verdade ? Este livro traz isso pra gente. Saber como foi a história da criação de um dos maiores ícones de todos os tempos, é uma aventura digna. E pede coração forte. Ao menos, a meu ver.
Este livro conta a história de Shuster desde antes de nascer. Mostra sua origem super humilde, um judeu nascido no Canadá, de pai proveniente dos Paises Baixos e mãe Russa. Temos uma sequencia contada em primeira pessoa pelo próprio Shuster, baseada em histórias contadas por familiares, conhecidos, documentos e cartas. O mais bacana é que não parece apenas uma biografia do Shuster, mas como ele conheceu Jerry Siegel ainda na adolescência, boa parte do livro contempla a época em que ambos estavam juntos e eram amigos.
A vida não era simples pra eles. Tiveras seus problemas como qualquer pessoa e o surpreendente é o velho Shuster ter uma vida tão dura, chegando ao ponto de morar na rua, sendo criador de um personagem tão importante. O que fica muito claro segundo a biografia, é que os amigos Jerry e Joe não apenas criaram o primeiro e maior herói de todos os tempos, mas todo um gênero de quadrinhos, que depois viria a se tornar um gênero tão rentável em outras mídias, como cinemas, séries, livros e etc. Coisa que você provavelmente já notou.
Venderam o Superman por 130 dolares. Não perceberam isso de cara, que venderam os direitos vitalícios do personagem, e claro que a editora que comprou iria tirar proveito legal disso. Depois de muitos anos, conseguiram um bom acordo, mas ainda assim, uma vida injusta. Aliás, isso só prova mais uma vez o quanto as leis não são sempre justas. O que é certo continua certo mesmo que ninguém faça. O errado continua errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. Demorou, mas a justiça prevaleceu sobre a lei. Injusto demais que criadores de algo tão lucrativo passassem as dificuldades que passaram.
Julian Voloj fez uma boa pesquisa e foi bem responsável ao escrever a história. Sensato, soube dar uma velocidade e profundidades nos momentos certos. O desenhista Thomas Campi tem um estilo artístico muito bonito, pintura diferenciada, leve, quase uma brisa. Expressões bem feitas, quadros e referências, cores… tudo equilibrado e contando uma boa história como se deve. Italiano, mora na Austrália, tem alguns prêmios na mochila.
Complementando a história, e talvez historicamente a parte mais importante do livro, tem as notas dos editores nas páginas finais do livro. É legal demais saber de onde vieram algumas informações narradas na história, copias dos originais de alguns documentos, datas, e etc… eu adoro este tipo de coisa.
Acho que todo fã de quadrinhos, principalmente HQ’s de heróis, deveria conhecer a origem do gênero que ama. Entender que nem tudo são flores e que bastidores costumam ser sujos e cheios de suor, lágrimas e gritos. Leia este livro. É da editora Aleph, que sempre nos presenteia com ótimos livros de ficção.
Depois passa no canal, que vai ter vídeo por lá também.
Abraços do Quadrinheiro Véio !
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O Quadrinheiro Véio, thanks a lot for the article post.Much thanks again. Fantastic.